sábado, abril 19, 2014

Luciano do Valle causou ciúmes na minha mãe e me fez ir ao Morumbi para assistir ... vôlei!



Luciano do Valle, morreu neste 19 de abril de 2014,  aos 66 anos, mesmo dia do aniversário de Getúlio Vargas e da lembrança de morte de Denner. Ele era muito íntimo da minha família. Éramos tão próximos que por muitas vezes minha mãe tinha ciúmes da relação dele com o meu pai e comigo. Passavámos horas juntos, todos os domingos. As vezes nos encontrávamos as 09h00 e nos despedíamos às 22h00, 23h00 e até 0h00.

O esquisito de tudo  isso é que o Luciano nunca viu o meu pai e a minha mãe, mas a proximidade era tão grande que não faltaram oportunidades que impediram passeios devido ao futebol master, a corrida de fórmula indy ou até uma luta do Maguila.

Essa era vida da classe média nos anos 80, sem TV à Cabo e com o Luciano do Valle povoando nossos domingos com o Show do Esporte e o Verão Vivo, em que se jogava Handebol na praia em areia fofa.

O narrador que ilustrou os meus delírios esportivos Valle muito, pois ele me fez compartilhar momentos únicos ao lado do meu pai. Ele me fez ir ao estádio do Morumbi, ao lado do meu velho, para assistirmos vôlei. Isso mesmo, o esporte da bola branca em um campo de futebol para 80.000 torcedores e lotado, para ver Brasil 3 x 0 Estados Unidos.

Patriarca e primogênito caminharam juntos em um sete de janeiro de 1987 à Vila Belmiro, em Santos, para ver jogadores de futebol com mais de 40 anos, na Copa Pelé, Brasil 0 x 0 Uruguai.

E como Martin Luther King eu tinha um sonho, muito mais simplório que o do ativista americano. Eu queria jogar qualquer coisa no Verão Vivo.

O Verão Vivo, idealizado por Luciano do Valle, nas praias brasileiras, levava as pessoas as areias para praticar diversas modalidades esportivas, entre elas vôlei, basquete, futebol, handebol e outros.

E meu genitor novamente, levou-me ao Guarujá, para bater uma bolinha organizado pelo Bolacha.

Anos depois, encontrei-o em 1999, Romário se despedia do Flamengo no Canindé, enfrentando a Portuguesa e eu tinha pouco tempo na carreira jornalística. Chegava muito cedo nos estádios e de repente vi conversando  Rivellino, Falcão e Luciano do Valle.

Pedi para tirar uma foto entre eles, que aceitaram de bate pronto, fiquei tão feliz que fiz uma cagada monstro e perdi a foto, que à época ainda era revelada.

Muitos anos depois, em 2009, o encontrei na Vila Belmiro, final do Campeonato Paulista, entre Santos e Corinthians, ambos a trabalho. Ele estava comendo um sanduíche de pernil que é delicioso mesmo e tomando um refrigerante.

Não o incomodei, apenas o observei um mito do jornalismo comendo um pernil no pão francês e ninguém teve a miníma pachorra de dizer um oi, um olá ou sei lá o quê. Nem eu tive a coragem. Pois ali estava um homem triste, chateado, sem brilho nos olhos. Momentos depois ele fez uma belíssima narração do golaço anotado por Ronaldo Fenômeno.

Posteriormente, ele começou  a trocar alguns nomes dos jogadores, foi muito criticado pelos coleguinhas, mas Valleu cada minuto o seu entusiasmo por outros esportes, convenceu a geração dos anos 80 a prática de outras modalidades, ressuscitou o boxe no Brasil, valorizou o ex-jogador com o masters e morreu sem a vibração de antes, sem o reconhecimento devido e parecendo que deveria ter parado antes.



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