quarta-feira, junho 22, 2016

Doze anos sem Brizola, um grande brasileiro que faz falta e conheça a verdadeira história do "Sapo Barbudo"!



"O horizonte abra-se diante dos seus olhos, carregados de nuvens cinzentas", é a fala da locutora na última parte do documentário "Tempos de Luta", que narra a trajetória de Leonel de Moura Brizola, que neste 22 de junho completa 12 anos de sua morte e também descreve a atual situação política brasileira.

Brizola é um brasileiro que faz muita falta no cenário político. Acima de vitórias e derrotas, lutava por princípios, pela educação, pelos direitos dos trabalhadores. O único político eleito por eleição direta para o cargo de governador em dois Estados diferentes, o Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro por duas vezes.

Admirador de Getúlio Vargas, que foi padrinho do seu casamento com a irmã de João Goulart, não se apoiava em plataformas religiosas nos seus planos de governo e primava pelos direitos humanos nas incursões nas comunidades carentes.

Era inimigo da plutocracia e dos conservadores. Polêmico, nos debates se destacava pelo carisma e grande eloquência nos discursos. Quem não se lembra de Brizola taxar Paulo Maluf de "filhote da Ditadura", Moreira Franco de "Gato Angorá" e dizer que Lula era um "sapo barbudo".

Brizola e Lula

Aliás, a história com o ex-presidente Lula é enorme. Apoiou o então candidato do PT contra Fernando Collor de Mello, no segundo turno da eleição presidencial em 1990. No pleito seguinte foi escolhido como o vice-presidente na chapa PT e PDT, que era encabeçado pelo líder petista. 

A história do "Sapo Barbudo" é curiosa, pois a maioria cita a mesma para desprestigiar Lula, mas tem o sentido inverso. Em uma entrevista, questionado sobre o apoio ao Partido dos Trabalhadores, no segundo turno da eleição presidencial em 1990, o gaúcho citou uma frase do ex-senador Pinheiro Machado - "A Política é a arte de engolir sapos" -; sobre a mesma, Leonel fez o seguinte comentário: "Não seria fascinante fazer esta elite engolir o Lula, esse sapo barbudo? Vamos no menos pior, pelo menos".

Apreço pela justiça social vem de muitos anos, Brizola criou a campanha pela legalidade do mandato de João Goulart, que deveria assumir à presidência da república, após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Os setores conservadores não queriam que Jango assumisse o posto. Goulart foi eleito por voto direto, não à moda "Michel Temer", já que à época havia um pleito específico para o cargo de vice-presidente. 

Graças a campanha de Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, o Golpe de Estado atrasou por três anos, quando em 1964 Jango foi deposto e muitos políticos tiveram seus direitos cassados. Brizola foi voto vencido à resistência pela luta armada.

Amigo de Fidel Castro, surgiu a história "El Ratón", que Brizola recebera de Cuba US$ 1 milhão para promover a revolução socialista, mas que nunca dera satisfação ao líder cubano sobre o gasto do dinheiro. Anos depois, Castro, entrevistado pelo Jornal do Brasil, disse que nunca houvera o "Ratón".

Depois de anos no exílio voltou ao Brasil e tentou recuperar a sigla do PTB, mas perdeu na justiça e fundou o PDT (Partido Democrático Brasileiro) e com o antropólogo Darcy Ribeiro fez uma transformação na educação fundamental do Rio de Janeiro com a criação dos CIESPs (Centros Integrados de Ensino Público).

Ciro Gomes, Carlos Lupi e Leonel Brizola

Agora filiado ao PDT, Ciro Gomes, tem algumas virtudes do "caudilho": carismático,progressista,  polêmico e sem nenhuma ação julgada por improbidade administrativa. Já antecipou que será candidato `à presidência da república em 2018,  pelo partido fundado por Brizola. Será que a história vai se repetir? 

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