domingo, junho 05, 2016

A Esquerda é inepta para falar com os evangélicos, que 'pecam' ao permitirem o rótulo que são todos 'farinha do mesmo saco'


Martin Luther King, Pastor Batista,
 em discurso na cidade de Nova Iorque.


Os evangélicos tem sido representados na Câmara Federal e no Senado por uma bancada significativa: 75 deputados e três senadores. Mas será que o discurso destes congressistas representam os votos a que foram confiados?

Debates acalorados sobre igualdade racial e de gênero, casamento gay e direito ao aborto e a eutanásia recebem a notabilidade dos 'crentes' as palavras destemperadas, preconceituosas e pouco inteligentes de Marco Feliciano, Eduardo Cunha, Marcelo Crivela e Magno Malta. 

Exemplo deste besteirol foi a classificação de Feliciano, parlamentar do PSC,  sobre os descendentes de africanos como "amaldiçoados de Noé” na discussão da igualdade racial e sobre os direitos aos homossexuais, foi mais longe ao se referir que a Aids como "câncer gay". Este ódio proferidos pelos congressistas  é a manifestação de todo público protestante?

Não  podemos esquecer que um dos grandes nomes pela luta dos direitos civis no mundo era um evangélico: Martin Luther King. 

O Ministro Batista foi um ativista político espetacular e inseriu o movimento evangélico nesta cena ao fundar a Conferência da Liderança Cristã do Sul, em 1957, que lutou contra o racismo,a pobreza e a Guerra do Vietnã. 

O discurso "I Have Dream"(Eu tenho um sonho) é considerado a melhor manifestação política da história. Recebeu o Nobel da Paz em 1963, foi assassinado em 1968 e Governo dos Estados Unidos decretou como feriado nacional toda terceira segunda feira de janeiro como o "Dia de Martin Luther King", desde 1983.

No Brasil, em 1980 foi fundado o Movimento Progressista Evangélico, que se auto denominam uma associação civil,  sem fins lucrativos, de Cristãos Evangélicos comprometidos com um projeto de ação político-social da perspectiva da ética cristã.

Mas por que a Direita brasileira se apropriou do discurso político dos evangélicos?

Em entrevista ao site "El País", para o jornalista André de Oliveira, o Doutor em Sociologia pela Universidade Humboldt de Berlim, Roberto Dutra, diz que a Esquerda encara os evangélicos apenas como conservadores.

"A única alternativa política que tem tematizado o tema da família é – em uma democracia como a nossa, e eu diria que em várias outras também – a da direita. Ou seja, é justamente quem fala para os evangélicos: a família corre risco porque os homossexuais, a ideologia de gênero e os “esquerdopatas” estão ameaçando ela. Sem outra explicação, muitas vezes o indivíduo aceita essa mesma. Assim, a identificação dos evangélicos com a pauta política de seus líderes vem em alguns casos por pura falta de alternativa e compreensão dos setores ditos mais esclarecidos da sociedade que não conseguem compreender que o tema da família não é necessariamente conservador", refletiu Dutra ao El País.

O Sociólogo lembra que o público evangélico elegeu um presidente intelectual (FHC), um metalúrgico(Lula) e uma guerrilheira (Dilma), demostrando progressismo no voto executivo. Mas no legislativo se configura com quem dialoga com ele as temáticas sociais de seus interesses. Atualmente os deputados conservadores. 

Mesmo dentro da bancada evangélica os deputados e senadores não há coesão. Pentecostais e Neo pentecostais tem estratégias de atuação diferentes e se unirão apenas na questão do impeachment.

A falta de inteligência da esquerda brasileira em dialogar com público evangélico se reflete no predomínio dos conservadores sobre as pautas de uma parte de população que aumenta a cada dia, com suas necessidades e aflições e que não admitem mais que o executivo, legislativo e judiciário virem as costas para suas causas. 


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