domingo, junho 12, 2016

Como será um Palmeiras x Corinthians daqui a 23 anos na República Fundamentalista do Brasil!

Reprodução da Folha de S.Paulo de 13 de junho de 1993

Há exatos 23 anos, eu estava no Morumbi na quebra do jejum de títulos do Palmeiras sobre o Corinthians. 

O estádio estava dividido ao meio.

 Metade verde e a outra alvinegra. 

Era o auge do acirramento entre os torcedores organizados. Uma semana antes, na vitória do Timão, o atacante Viola imitou um "Porco"( símbolo palmeirense), na comemoração do gol da vitória.

Não lembro de mortes por causa de confrontos entre torcedores no pós jogo, mesmo pesquisando o arquivo da Folha, não encontrei nada.

Atualmente, os tecnocratas e plutocratas decidiram que apenas 10% dos torcedores do time não mandante poderiam assistir um clássico e no ápice da incompetência deliberaram que  nenhum fã poderá ver o seu clube ao vivo, quando este, não for o mandante. 

Parece que estamos entrando em uma nova era, a de um conservadorismo profundo, talvez o fundamentalismo, a maior rivalidade de São Paulo poderá ser uma disputa de "fé",  e não só a da bola dentro dos gramados.

Fico imaginando como será o "Derby" daqui a duas décadas e três anos, precisamente em 2039.

As mudanças começariam pelos mascotes. 

Por que aonde já se viu um "Porco" e o "Gavião" representarem pequenas "nações"?

O "Porco" palmeirense,  seria substituído por um "Cordeiro", aquele que tirais o pecado do mundo. 

E o "Gavião" dará lugar a "Águia", assim todos, seriam elevados as alturas. 

As organizadas também mudariam os nomes. 

Nada de "Gaviões da Fiel" e sim  "Corintios do Senhor" e  "Mancha Alviverde" nem pensar, passaria a ser chamada "Verde Crente".

Os "gritos de guerra" seriam alterados até na nomenclatura, o "certo" seria "Sermão do Exorcismo". 

Nenhum palmeirense elevaria a voz para incentivar com "Dá-lhe Porco", em 2039, a motivação será feita por - "Cordeiro Verde, que tirais o Pecado do Mundo"- , mesmo que não rime tanto; já os corintianos, passariam a serem denominados como "corintios", e atingiriam o ponto culminante na elevação espiritual com :  "Todo Poderoso Senhor, dai-nos a vitória"- .

Em vez do hino nacional ou dos clubes, seriam "celebrados" cânticos evangélicos, tais quais "Segura na Mão de Deus" e  o "Senhor é meu pastor e nada me faltará".

Nas sedes das agremiações, não teriam mais bustos de dirigentes e de ex-jogadores e sim, para pastores que fizeram sermões e exorcismos famosos, como Silas Malafaia e Marco Feliciano. 

A imprensa continuaria criativa e denominaria "As brigas entre crentes torcedores " como  "Guerra Santa". 

O dízimo seria exigido e não mais pedido dos literalmente fanáticos durante os jogos. O pagamento poderia ser feito por dinheiro em espécie, no cartão de débito e  de crédito.

Até o vale refeição seria aceito nas arquibancadas, numeradas, menos nos camarotes. Estes, por direito, serão reservados para os parlamentares, especificamente os 450 deputados e 70 senadores da turma evangélica do Congresso Nacional.

A bancada que trabalha há muitas décadas por sua "crente comunidade"conseguiu ótimos resultados, comemorados como gols em jogos de futebol:  em 2016, os templos religiosos não pagavam impostos, em 17, não era cobrado o IPTU das igrejas, em 2025, pastores compravam carros sem pagar o IPI, em 2034, os "homens de Deus" traziam o que queriam do exterior sem pagar  taxas alfandegárias. 

Enfim, atingiu o futebol em 2039. Os ingressos não seriam mais cobrados, neste futuro imaginado e não tão distante. A lei "Feliciano" uma espécie de "Rouanet " dos fundamentalistas, obrigava a União a subsidiar a entrada dos fiéis nos campos de futebol. Assim, o lema do então presidente do Brasil, "Silas Feliciano VII" (eleito por eleição indireta), faria sentido:  Fé e Circo a todos. Para comprar o Pão, não pense, trabalhe.

Afinal,  Deus é Fiel!

Nenhum comentário:

Postar um comentário