domingo, março 30, 2014

Seo Constâncio nunca foi palmeirense, o Palmeiras era ele!

A minha maior referência do Palmeiras era o seu Constâncio. Defensor das cores alviverdes de todas as maneiras democráticas. Era tão fanático, que nos fazia imaginar os chutes de Lima no final da década de 50, o título mundial de 51 e a Acadêmia de futebol de Ademir da Guia.

Não vi, nenhuma destas equipes jogarem dentro de campo, apenas entrei no mundo do italiano, no campo descrito e imaginário do Seu Constâncio .

O filho, Daniel "Boca" ,não teve opção para torcer, virou um palmeirense convicto devido ao amor do pai pelo clube, mas sofria com os amigos na adolescência.

Seo Constâncio era daqueles apaixonados inveterados. Tinha um amor descomunal dentro dele que transbordava em tudo que falava, fazia e nos educava.

Pena que descobri só agora.

Fui criado na zona Leste de São Paulo e lá, desde sempre, um domingo de Corinthians x Palmeiras, não era um dia comum.

Seo Constâncio (foto) não era apenas palmeirense, o Palmeiras era ele.

Defendia o seu time, aonde era impossível defender, com argumentos que existiam e também os que não tinham o menor nexo.

O amor daquele senhor pelo Verdão, nos incomodava, cutucava, era um sentimento puro e isso entre nós, humanos, importuna.

E tem outro nome também: INVEJA!
Terminava o jogo, se havia vitória do Timão, todo mundo corria para casa do "Pai do Boca" para gritar, espernear, apertar a campainha e sair correndo. Era uma baita balbúrdia.
E depois de fazer tudo isso na porta da sua casa, sabe qual era a sua atitude: nenhuma.
Tolerante, era um ensinamento na  pura simplicidade do Seo Constâncio.
Em caso de vitória, da equipe do Parque Antártica, todos sumiam da vista dele por tempos.
Quem o aguentava?
Italiano, imigrante, construiu a sua família, deixou o seu legado na construção civíl, não gostava de andar de carro e sim, de falar com gente, com o povo.
O robusto ítalo-brasileiro parava no ponto de táxi, no jornaleiro, batia um papo com motorista de ônibus e tinha sempre aquele papo, com o dono da Adega.
Inúmeras histórias engraçadas são contados a seu respeito.
Imagine a cena: na maior cidade da América Latina, uma das cinco maiores do mundo, na região com a maior população, havia um boi pastando em uma praça que era o ponto final do ônibus e centro comercial do bairro.
Tinhoso, Seo Constâncio, foi mexer com bovino e vamos dizer, que o animal não gostou muito e tascou uma corrida em cima do italiano, que por fim levou uma "cabeçada" do bicho e seu chapéu "voou" por metros. 
Era reconhecidamente um excepcional mestre de obras.
Não cansou em dar "nós" nas cabeças dos jovens engenheiros, com sua experiência.
O carismático Seo Constâncio faleceu no dia 14 de julho de 2013, aos 85 anos, deixando triste a sua família, os seus amigos e toda aquela molecada do "Morro do Elefante". 
 
* Foto: Daniel - Seo Constâncio

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