quinta-feira, janeiro 18, 2007

Reflexões importantes sobre o buraco do tucanato

AINDA ESTOU RAIVOSO COM A INCOMPETÊNCIA E A FALTA DE TATO DAS "TORIDADES" COM AS VITIMAS. VOU APENAS TRANSCREVER ALGUMAS MATÉRIAS IMPORTANTES QUE EU LI A RESPEITO DO ASSUNTO. SEMANA QUE VEM ESCREVO A RESPEITO.





GEÓLOGO: "SEDE DE LUCRO AFETOU SEGURANÇA"
Paulo Henrique Amorim
O geólogo e ex-diretor do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) Álvaro Rodrigues dos Santos* disse em entrevista ao Conversa Afiada nesta terça-feira, dia 16, que o consórcio Via Amarela premiava as equipes que conseguissem acelerar o cronograma da obra da linha 4 do Metrô (clique aqui para ouvir).
“É estabelecido um cronograma para determinadas atividade e as equipes que conseguem reduzir o tempo de execução daquele cronograma são premiadas na proporção da redução”, explicou Santos.
Segundo ele a premiação era em dinheiro. O geólogo disse que esse tipo de incentivo prejudica o andamento técnico e a segurança da obra.
“Muita pressa, o que determinou muita sede de lucros e um decorrente desprezo pelas questões mais básicas de segurança de obra”, disse Santos.
Álvaro Rodrigues dos Santos disse que se não houvesse pressa, os técnicos teriam paralisado as obras quando o consórcio foi avisado pelos moradores sobre trincas e rachaduras nas casas da região. Segundo ele, houve desprezo técnico para esse tipo de problema.
O geólogo também lembrou que houve uma “corrida de lama” da direção do rio Pinheiros para dentro da escavação. “Eram todos sinais que em qualquer situação de engenharia seria lógico, normalíssimo, natural, a ordem de paralisar a obra, investigar o que está acontecendo, corrigir o que está errado para depois continuar”, disse Santos.
Santos disse também que se essas questões de segurança fossem melhor observadas as mortes poderiam ter sido evitadas.
Veja os principais pontos da entrevista com Álvaro Rodrigues dos Santos.
Álvaro Rodrigues dos Santos defende uma investigação profunda no contrato da obra da linha 4 do Metrô. Segundo ele, não se pode ficar apenas nas investigações técnicas do acidente, é preciso ver como era feito o gerenciamento dessa obra.
O geólogo criticou o modelo “Turn Key” de contrato. Segundo ele, o principal problema, neste caso, é a ausência de agentes públicos na fiscalização e no acompanhamento da obra.
Segundo Santos, esse acidente mostra que esse tipo de contrato não é bom para o Brasil. Ele disse que pode ser bom e dar certo em outros países, mas no Brasil ainda não funcionou. Ele disse que em países mais avançados há instrumentos de defesa da sociedade que não há no Brasil.
Outro problema apontado por Santos é o excesso de terceirizações dentro da obra. Ele disse que, numa cascata de terceirizações, “quase sempre” se perde o controle da qualidade técnica dos resultados finais.
Santos disse que também é preciso rever a apólice de seguros da obra. Ele sugeriu que se faça uma investigação detalhada sobre os termos do seguro para ver se a apólice de acidentes colaborou para uma “frouxidão” nos cuidados de segurança.
Santos defende não só uma investigação mas também uma revisão do contrato da obra da linha 4 do Metrô. Ele defende a investigação do “ambiente” que propiciou esse acidente.


O Conversa Afiada, procurou o consórcio Via Amarela para confirmar a informação da premiação para aceleração do cronograma da obra. A assessoria de imprensa do consórcio informou que “qualquer informação institucional” será dada pelo depois da conclusão do resgate das vítimas.




*Geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos
· Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia
· Foi Diretor Geral do DCET - Deptº de C&T da Secretaria de C&T do Est. de São Paulo
· Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar” e “Cubatão”
· Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente
· Criador da técnica Cal-Jet de proteção de solos contra a erosão

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